Ser criança no século XXI é ser um adulto jovem. Não deveria ser esse o conceito atribuído, mas é justamente ele que melhor traduz a fase da infância nesta sociedade moderna, que entre tantas mudanças, alterou também o comportamento e o modo de ser da criança.
Uma observação de como meninos e meninas vivem hoje é que permite o questionamento de como será o futuro da criança. O ponto central gira em torno da dedução de que, se a infância é hoje um reflexo de novos hábitos e costumes adquiridos por meio do desenvolvimento da sociedade, como ela será amanhã, visto que esse desenvolvimento é contínuo?
Há formas diferentes de encurtar a chamada fase da infância. Se por um lado existe a banalização do cenário constituído por crianças que pedem esmolas nas ruas e deixam de brincar e se divertir, há outro que aponta àquelas que, superprotegidas pelos pais, se fecham no seu mundo de computadores e videogames.
Tanto uma quanto a outra é o reflexo desse novo mundo, retratado por um sistema capitalista que intensifica as desigualdades sociais. É esse mesmo sistema que promove um consumo desenfreado e faz com que a sociedade aceite o apelo publicitário e se disponha ao entretenimento pouco educativo e erotizado.
Hoje as crianças deixam de ter o contato com outras crianças para fazer parte do mundo dos adultos. Assistem aos mesmos programas televisivos que eles, querem saber de iPod, celular e câmera digital. Brincam cada vez menos e com isso deixam de estabelecer trocas afetivas, prática fundamental para o bom desenvolvimento infantil.
O futuro da criança tende a ser ao menos bem diferente do que foi um dia e do que é hoje. A idéia que se faz depois de algumas análises desse antes e depois, leva a crer que a infância será cada vez mais curta, visto que já é repassado para elas, cobranças que deveriam se limitar à jovens e adultos.
Essas exigências, que para crianças de famílias pobres podem ser o trabalho infantil, e para as de famílias ricas, o excesso de aulas e atividades, levará as crianças a um estado de amadurecimento precoce, maior do que já observado nos dias atuais. Fica aí, a curiosidade e o desejo de que essa projeção não ser torne uma realidade maior do que já é.