quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Uma mulher na presidência, e não é Dilma

Marina cansou. Assim como milhares de brasileiros que se desiludiram com o PT, a senadora Marina Silva, uma das fundadoras do partido no estado do Acre, percebeu que aquele PT dos anos 80 não existe mais. Deve ser com uma boa dose de decepção que ela deixa o partido, no qual militou por quase trinta anos.

Ao lado da sensação de impotência de Marina , estão cidadãos que viram suas esperanças se perderem numa nuvem de fumaça. A ideia de um país sem desigualdade social e livre da corrupção de políticos ainda é um sonho, mas muitos acreditaram que ele seria realizado quando o ex-sindicalista e metalúrgico, Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a presidência da República.

A boa administração de Lula é perceptível, mas o crescimento do Brasil na gestão petista se deve também ao fato de ter havido um cenário econômico mundial favorável a isso. Sem desmerecer as conquistas dos últimos anos e a alta popularidade do presidente, devo dizer que por pertencer a um partido cuja ideologia partidária se consolidou como de esquerda, com uma postura crítica ao reformismo dos partidos social-democratas, a gestão Lula deixa muito a desejar.

A emoção e a expectativa que contagiou os brasileiros na época da campanha eleitoral “Lula lá, brilha uma estrela/ Lula lá, cresce a esperança/ Lula lá, o Brasil criança” se dissipou quando veio à tona o escândalo do mensalão, a suposta confecção de um dossiê com os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso envolvendo a ministra Dilma Rousseff e, mais recentemente, a sua briga com a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, sobre as investigações da Fundação Sarney.

Essa mesma Dilma, envolvida em escândalos que a gestão petista tenta minimizar, é a pré-candidata do governo nas eleições presidenciais de 2010.

Diante desse cenário, a saída de Marina do PT e sua provável candidatura à presidência como filiada ao PV, muda todo um cenário eleitoral, composto principalmente por Dilma Rousseff e José Serra. A disputa acirrada do PT contra o PSDB, que já dura há mais de 15 anos, se vê abalada agora pela entrada de Marina, que tem a vantagem de ter um currículo limpo, além da simpatia causada pela defesa do desenvolvimento sustentável.

Nascida na Amazônia, a senadora tem uma biografia parecida com a do presidente. De família humilde, Marina foi seringüeira e analfabeta até os 16 anos. Entrou na vida política em 1988, como vereadora, e foi eleita senadora em 1995, se reelegendo em 2002. Deixou o cargo para assumir o Ministério do Meio Ambiente, que acabou renunciando alegando falta de apoio do presidente para enfrentar pressões do agronegócio.

Que Marina tem garra é evidente. Que pode ter reais chances de vencer, também é provável. O que não se sabe ainda, é como será confrontar com os grandes, aqueles que criam estratégias e planejam a vitória a qualquer custo. Vai lá Marina, e boa sorte!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Lei Antifumo

Entrou hoje em vigor a lei estadual paulista que proíbe o fumo em lugares fechados de uso coletivo em todo o Estado de São Paulo. Agora, fumar só é permitido ao ar livre, dentro do próprio carro ou em casa. Estabelecimentos como restaurantes, bares e danceterias - lugares fechados e que até então podiam permitir cigarros acesos - estão na lista da restrição. A lei nº 13.541 extingue também os fumódromos e as áreas de fumantes.

Já no primeiro minuto da madrugada desta sexta-feira, fiscais concentrados em bairros como Vila Olímpia, Itaim Bibi e Vila Madalena, fizeram as primeiras inspeções em bares e boates. Bairros fora do centro expandido da capital, como Freguesia do Ó e Guaianazes, também tiveram seus estabelecimentos fiscalizados.

A lei antifumo, que já vigora em cidades como Paris, Buenos Aires e Nova York, acompanha as tendências mundiais do combate ao tabagismo e, principalmente, ao fumo passivo. Criticada por uns e elogiadas por outros, a lei visa evitar que não fumantes sejam prejudicados pela fumaça exalada pelo cigarro.

Antes de discutir a liberdade que cada um tem em fazer o que quiser, vale lembrar que os males causados pelo tabagismo é uma questão de saúde pública. A poluição resultante da fumaça do cigarro tem três vezes mais nicotina e monóxido de carbono e, portanto, quem não opta por fumar, deve ter o seu direito respeitado.

Ao invés dos fumantes, inconformados de não poderem fumar nem nos bares, fazerem críticas às autoridades, esclareço que cabe justamente à ela, sob o ponto de vista sanitário, assegurar que os estabelecimentos apresentem boas condições de higiene e saúde para evitar que as pessoas fiquem doentes.

Se ninguém gosta de lugares com esgoto a céu aberto ou a presença de pragas urbanas como ratos e baratas, que são nocivos à saúde, não vejo por que uma lei que visa evitar a exposição à fumaça do cigarro, altamente prejudicial à saúde, pode ser criticada. Apoio a medida e deixo aqui os meus sinceros agradecimentos ao governador José Serra (PSDB).