quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Um novo hit

Sei que passou o tempo em que a palavra globalização era moda. Acredito que hoje a palavra da vez seja sustentabilidade. O mundo precisa ser sustentável e qualquer empresa que queira se destacar no mercado tem que ter uma “política de sustentabilidade”.

No entanto, quando soube do hit da internet “Menos Luiza, que está no Canadá”, foi essa a palavra que me veio à mente: globalização. Acho até que não é a palavra ideal a ser usada. Para mim, ela remete ao tempo em que se discutia a evolução do transporte e o surgimento da internet, coisas tão óbvias e comuns hoje em dia. A questão é que não vejo outra palavra para usar.



Sei que já devia ter me acostumado com essas coisas que surgem do nada na internet e fazem tanto sucesso, mas isso realmente me impressiona. Como é que pode essa frase ter ficado tão conhecida em tão pouco tempo? Como pode as empresas já estarem fazendo marketing com ela?

O surgimento da internet não me afetou assim, mas as redes sociais me deixam assustada... Tenho medo delas e ainda fico impressionada com todo esse poder.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Horta comunitária em Itaquera

Uma oficina prática de permacultura promovida pela Aliança Libertária Meio Ambiente (ALMA Ambiental), associação que realiza ações de educação ambiental para sensibilização e mobilização da comunidade, reuniu cerca de 10 pessoas na Horta Comunitária José Bonifácio, em Itaquera, na zona leste de São Paulo.

Interessados em aprender a construir uma horta de ervas e temperos dentro da horta comunitária, moradores da região trabalharam seguindo as orientações de Ricardo Thaler, que ministrou a oficina.

A permacultura é um método para planejar comunidades ambientalmente sustentáveis. Segundo o coordenador administrativo e de mobilização ambiental da ALMA, Marcello Nascimento de Jesus, “incentivar esse tipo de prática em comunidades pobres é um meio de trazer qualidade de vida construída pelas mãos dos próprios moradores”.

A Horta Comunitária José Bonifácio é gerida por três pessoas da região. A idéia de uma oficina de ervas e temperos dentro da horta surgiu para divulgar e aproximar mais os moradores, para que todos participem dela.



“Imagine poder comer um alface e outros alimentos que você mesmo plantou, fresquinho e sem agrotóxicos?”, pergunta Marcello. Segundo ele, outro benefício da horta comunitária é a possibilidade de comercializar o excedente para os moradores locais, “fortalecendo a horta e trabalhando o conceito de economia solidária”.

“Tivemos essa iniciativa para popularizar o conceito de permacultura, que ainda é conhecido por poucas pessoas. Queremos disseminar e multiplicar o conceito entre as pessoas da região, mostrando que é simples: um misto do tradicional com a inovação. O objetivo é que as pessoas apliquem na prática esses conceitos”, explica Marcello.

A oficina de ervas e temperos na Horta Comunitária José Bonifácio faz parte do projeto Ação Recicla COHAB 2011 (Cohabitarte), que incentiva moradores a sentirem e pensarem o meio ambiente a partir do lugar onde moram, estabelecendo relações sustentáveis com o seu bairro.

Escrito por Luana Pequeno e originalmente publicado no Blog Mural, da Folha de S. Paulo.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Na Cidade dos Velhinhos, Itaquera tem “Feira da Vovó”

O dia 17 de setembro poderia ser um domingo como outro qualquer, mas não para os moradores da Cidade dos Velhinhos, em Itaquera. Nessa data, acontecia a 43ª Feira da Vovó, evento ansiosamente esperado pelos idosos que moram lá e realizado para arrecadar fundos para a instituição.

Com direito a shows, comida e brincadeiras, a festa deste ano comemorava os 50 anos de fundação e funcionamento da associação. As várias barracas presente na Cidade dos Velhinhos foram resultados de trabalhos voluntários e, nelas, havia pessoas que se dispuseram desde a preparar comida, até comprar os brindes que seriam entregues nas brincadeiras.

A Cidade dos Velhinhos Santa Luiza de Marilac é considerada uma das principais entidades voltada ao trabalho com idosos em São Paulo. Bastante conhecida na região, é direcionada a acolher pessoas de baixa-renda. “Nosso objetivo é prestar assistência social aos idosos com dignidade”, afirma a presidente da entidade, irmã Josefa Coissi.

Uma das características da associação é ser reconhecida pelo bom trabalho que realiza. O morador Paulo Morais, 69, fala com orgulho do lugar onde mora há um ano. “Aqui é classe A. Tudo é individual, a gente tem nosso quarto e temos quatro refeições por dia”, conta.



Sentado em uma cadeira de rodas, ele observava feliz a festa e conversava com todos que paravam para falar com ele. Atencioso e simpático, só tinha elogios a fazer para a associação. “O que eu mais gosto é do pessoal que trabalha aqui. São todos muito bacanas. Eles tomam cuidado com a gente e são muito carinhosos”, diz.

A Cidade dos Velhinhos conta atualmente com 75 moradores. Segundo a presidente Josefa Coissi, a maioria “são pessoas que foram abandonadas ou que escolheram deixar a família”.

A entidade pretende fazer mais um pavilhão para aumentar o número de vagas, mas para isso dependerá da ajuda da subprefeitura da região. Hoje, ela se mantém com doações da sociedade e com a contribuição de familiares dos idosos.

A 43ª Feira da Vovó reuniu cerca de 1.500 pessoas. Segundo José Mário Nogueira Junior, organizador da feira há 14 anos, o evento gera bastante expectativa e tem uma grande importância para a casa. “Um mês antes os moradores já ficam felizes e, para nós, o mais importante é a satisfação deles”, conclui.

Escrito por Luana Pequeno e originalmente publicado no Blog Mural, da Folha de S. Paulo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Muito além de um estádio de futebol

O trânsito na região de Itaquera, na zona leste da capital paulista, tem piorado a cada dia. Parte dessa mudança deveu-se à extensão da Radial Leste, há cerca de seis anos. Antes disso, o bairro apresentava pouco tráfego: os usuários do metrô desciam na estação Itaquera, pegavam a lotação para chegar em casa e gastavam tempo “normal” no trajeto, que podia variar entre 15 e 20 minutos. Hoje não.

Quem desce na estação do metrô Corinthians-Itaquera e precisa pegar um ônibus, deve contar também com o trânsito. As lotações passaram a demorar mais para saírem do terminal e o fluxo de carros na região aumentou.

“De ano em ano, o trânsito aumenta”, afirma o estudante Ageu Ferreira. Para ele, “com o desenvolvimento do bairro, só vai aumentar”. Ferreira afirma que o bairro ainda não tem infraestrutura para suportar esse crescimento.

Outras mudanças são visíveis no transporte público. As estações do metrô e trem, localizadas no mesmo local, estão cada vez mais cheias. Se antes, no horário de pico, os moradores pegavam fila para passar nas catracas e se protegiam por meio da cobertura da estação, hoje seguem pela área descoberta e invadem as passarelas.

“É terrível. Precisa aumentar a quantidade de trens, é muita gente. A fila às vezes entra até no shopping [Shopping Metrô Itaquera]”, diz a merendeira Aparecida Barbosa. Segundo ela, o empurra-empurra é grande e o trajeto está mais demorado. “É gente tanto na rampa do lado direito, quanto do lado esquerdo.”



O estudante Ageu Ferreira também concorda. “Antigamente, o metrô não era tão cheio. Não tinha essas filas gigantescas”, afirma.

Para a analista de crédito Sileide Gomes, a demanda na região de Itaquera está bem maior e o metrô não está dando conta. “Está mais cheio e pior”, conta.

A construção do estádio do Corinthians deverá aumentar ainda mais o fluxo de pessoas na região, o que vai afetar o trânsito e o transporte público. A expectativa da abertura da Copa de 2014 faz aumentar a pressão por investimentos em infraestrutura.

Algumas obras já estão previstas, como a construção de novas vias que ligam a avenida Jacu-Pêssego e a Radial Leste, a nova avenida de ligação Norte-Sul no trecho entre a avenida Itaquera e a Radial, e a articulação com a avenida Miguel Inácio Curi.

Apesar disso, os moradores têm receio de que as mudanças no bairro sejam insuficientes para atender o aumento do fluxo de pessoas.

Escrito por Luana Pequeno e originalmente publicado no Blog Mural, da Folha de S. Paulo.

sábado, 30 de julho de 2011

Em Itaquera, moradores da Favela do Metrô temem desapropriação

Apesar da construção do estádio do Corinthians em Itaquera deixar a maioria dos moradores empolgados com a perspectiva de melhorias para o bairro, há quem esteja preocupado. Enquanto alguns comemoram o investimento e a possível abertura da Copa do Mundo de 2014, outros prefeririam que o estádio não fosse construído.

É o caso dos moradores da Favela do Metrô, na Avenida Miguel Inácio Curi, que se preocupam com a desapropriação que possivelmente acontecerá no lugar. O assunto sempre foi discutido pelas autoridades locais, mas com o início das obras do estádio e as especulações para a Copa, tem se tornado mais frequente.

“O estádio é uma boa, o ruim é essa história de termos que sair daqui”, afirma a comerciante Valdenice de Souza, 43, que mora no local. Ela, que gostaria de fazer a laje do seu bar, lamenta não poder pensar em investimentos do tipo. “Com toda essa história não posso fazer mais nada”, afirma.



O motorista José Rubivaldo da Cunha, 60, mais conhecido como Santista, também está preocupado. “A gente já mora na favela porque não tem condições de ter uma casa boa, aí querem tirar a gente daqui? Estamos pedindo a Deus que não aconteça”, diz.

A comerciante Leonete Lorenço de Souza, 48, que há 18 anos mora na região, afirma estar esperando para ver o que a prefeitura vai falar. “Todas essas mudanças vão valorizar o local, não só o estádio, mas a construção da Fatec e do Fórum também. Agora o ruim é se tiver mesmo a desapropriação. Vamos ver se eles vão mexer com a gente”, diz.

Outro ponto que preocupa os moradores é de quanto seria a indenização, caso os moradores tenham que sair do local. “Se for pra pagar um dinheiro bom para comprar outra casa, está ótimo. Agora se for uma merreca como R$ 5 mil, não dá. O que a gente vai fazer com R$ 5 mil?”, desabafa Valdenice.

Apesar do receio dos moradores, a desapropriação não está certa. Segundo os próprios moradores da Favela do Metrô, as autoridades locais ainda não se manifestaram e não houve nenhum comunicado oficial.

Escrito por Luana Pequeno e originalmente publicado no Blog Mural, da Folha de S. Paulo.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Projeto social muda a vida de cidadãos

José Antônio Miranda, o Padre, tem 42 anos e trabalha há oito com coleta seletiva. Ex-usuário de drogas, ficou assim conhecido pelos colegas de trabalho por casa do irmão, padre de uma paróquia em Osasco, região metropolitana de São Paulo.

Com problemas nas cordas vocais e dificuldade para enxergar, Padre conta que caiu de uma laje em um dia que estava bêbado e drogado, o que o levou a ficar uma semana em coma e 15 dias internado. O acidente afetou a sua voz, o fez usar óculos e o obrigou a três meses de fisioterapia.

Foi a vontade de deixar o mundo das drogas que o levou ao Projeto Vira Lata, um programa que promove a inclusão social e a geração de trabalho e renda através da reciclagem. Com a ajuda do irmão, Padre foi internado em uma clínica de reabilitação e conseguiu um emprego no Projeto. “Meu irmão viu que eu estava na sarjeta e que precisava de ajuda”, explica.

O Projeto Vira Lata nasceu em 1998 com a proposta de diminuir a exclusão social e a degradação ambiental. Atualmente, recolhe do meio ambiente cerca de 80 toneladas por mês de materiais que podem ser reciclados, o que gera trabalho e renda para os mais de 45 catadores que trabalham na coleta seletiva.



Segundo o fundador do Projeto, Wilson Santos Pereira, o Vira Lata conta com duas personalidades jurídicas, a Associação e a Cooperativa, criadas respectivamente em 2001 e 2007. Pereira, que é o presidente da Associação Vira Lata, conta que o Projeto surgiu através de uma reflexão feita pela comunidade do Jardim Boa Vista, região de Pirituba, em São Paulo, onde um grupo de pessoas concordou em montar uma coleta seletiva. “No começo, não tínhamos ideia de que o Projeto cresceria tanto”, conta.

A Cooper Vira Lata é a responsável pela coleta, triagem e pressão de materiais como papel, plástico e vidro, que são vendidos para as indústrias. Junto com a Associação, a cooperativa já empregou mais de 500 pessoas, dentre elas, ex-presidiários.

Para Pereira, a importância do Projeto se dá pelo fato de sensibilizar a sociedade para a questão ambiental. “Na medida em que fazemos a coleta desses materiais, nós estamos economizando recursos naturais. Em 10 anos de projeto, já evitamos que 70 mil árvores fossem derrubadas e economizamos 100 mil litros de petróleo por causa da reciclagem do papel e do plástico”, explica.

O Projeto já ajudou a vida de muita gente, inclusive a do próprio Padre, que é hoje o presidente da Cooper Vira Lata. Ele, que disse ter começado a usar drogas aos 14 anos, se considera curado há 8, tempo em que está no Projeto. “O Vira Lata virou a minha segunda casa. Antes eu tinha um vazio dentro de mim e só preenchi ele depois que fiquei internado na clínica e conheci o Projeto”, conta.

Padre tem muitos motivos para aprovar o Vira Lata. Foi lá que ele conheceu a sua esposa, Maria Cícera da Silva, de 42 anos, também cooperada. “Foi a mulher que eu sonhava para a minha vida”, termina ele contente.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Educação de (má)qualidade

Esta semana tivemos duas más notícias na área da educação: uma sobre o aumento do percentual de instituições de ensino superior com nota baixa, e outra sobre o número de desistência dos alunos nas universidades. Dois levantamentos do MEC que deveriam resultar em medidas mais concretas para a solução dos problemas do sistema educacional do país.

Infelizmente o problema não está só na educação básica. Embora ela seja o pontapé inicial para uma formação de qualidade, não adianta uma educação básica boa se o caminho seguinte não for. E vendo os dados apresentados pelo MEC, a situação é preocupante: o percentual de cursos com nota abaixo de 3 (no Índice Geral de Cursos do MEC as notas variam de 1 a 5, sendo 5 a melhor nota) atingiu 32,7%. Em São Paulo, a proporção dos alunos que abandonam a faculdade também aumentou, em 10 anos, de 18% para 27%.


Muita se fala em melhorar a qualidade do ensino brasileiro, mas diante desses números, fica claro que a situação se agrava cada vez mais. O MEC deveria ter uma posição mais rigorosa com relação às instituições de ensino com notas inferiores. Além de descredenciar as faculdades com condições precárias, deveria descredenciar também todas aquelas que apresentam notas abaixo de 3. Seriam muitas, mas ainda assim estaríamos no lucro.

Não adianta o país se vangloriar de ver crescendo o número de jovens que entram no nível superior, através de programas sociais como o Prouni, se esses mesmos jovens não conseguem concluir o curso ou terminam a graduação sem o preparo necessário para assumir a profissão. O que se quer são bons profissionais no mercado. Os números resultantes desse trabalho seria uma consequência.