segunda-feira, 20 de junho de 2011

Projeto social muda a vida de cidadãos

José Antônio Miranda, o Padre, tem 42 anos e trabalha há oito com coleta seletiva. Ex-usuário de drogas, ficou assim conhecido pelos colegas de trabalho por casa do irmão, padre de uma paróquia em Osasco, região metropolitana de São Paulo.

Com problemas nas cordas vocais e dificuldade para enxergar, Padre conta que caiu de uma laje em um dia que estava bêbado e drogado, o que o levou a ficar uma semana em coma e 15 dias internado. O acidente afetou a sua voz, o fez usar óculos e o obrigou a três meses de fisioterapia.

Foi a vontade de deixar o mundo das drogas que o levou ao Projeto Vira Lata, um programa que promove a inclusão social e a geração de trabalho e renda através da reciclagem. Com a ajuda do irmão, Padre foi internado em uma clínica de reabilitação e conseguiu um emprego no Projeto. “Meu irmão viu que eu estava na sarjeta e que precisava de ajuda”, explica.

O Projeto Vira Lata nasceu em 1998 com a proposta de diminuir a exclusão social e a degradação ambiental. Atualmente, recolhe do meio ambiente cerca de 80 toneladas por mês de materiais que podem ser reciclados, o que gera trabalho e renda para os mais de 45 catadores que trabalham na coleta seletiva.



Segundo o fundador do Projeto, Wilson Santos Pereira, o Vira Lata conta com duas personalidades jurídicas, a Associação e a Cooperativa, criadas respectivamente em 2001 e 2007. Pereira, que é o presidente da Associação Vira Lata, conta que o Projeto surgiu através de uma reflexão feita pela comunidade do Jardim Boa Vista, região de Pirituba, em São Paulo, onde um grupo de pessoas concordou em montar uma coleta seletiva. “No começo, não tínhamos ideia de que o Projeto cresceria tanto”, conta.

A Cooper Vira Lata é a responsável pela coleta, triagem e pressão de materiais como papel, plástico e vidro, que são vendidos para as indústrias. Junto com a Associação, a cooperativa já empregou mais de 500 pessoas, dentre elas, ex-presidiários.

Para Pereira, a importância do Projeto se dá pelo fato de sensibilizar a sociedade para a questão ambiental. “Na medida em que fazemos a coleta desses materiais, nós estamos economizando recursos naturais. Em 10 anos de projeto, já evitamos que 70 mil árvores fossem derrubadas e economizamos 100 mil litros de petróleo por causa da reciclagem do papel e do plástico”, explica.

O Projeto já ajudou a vida de muita gente, inclusive a do próprio Padre, que é hoje o presidente da Cooper Vira Lata. Ele, que disse ter começado a usar drogas aos 14 anos, se considera curado há 8, tempo em que está no Projeto. “O Vira Lata virou a minha segunda casa. Antes eu tinha um vazio dentro de mim e só preenchi ele depois que fiquei internado na clínica e conheci o Projeto”, conta.

Padre tem muitos motivos para aprovar o Vira Lata. Foi lá que ele conheceu a sua esposa, Maria Cícera da Silva, de 42 anos, também cooperada. “Foi a mulher que eu sonhava para a minha vida”, termina ele contente.

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